A frase necessita de algumas reflexões, pois
alguns tem pensado que ela justifica às suas vis paixões, quando
na verdade ela se refere à que algumas atitudes, comportamentos e
etc infelizes de determinadas pessoas não merecem a nossa
resposta, mas, mais do que isto, não devemos fomentar ou alimentar
aquilo em nosso próximo, sob pena de nos tornamos coparticipes
daquela "infelicidade", criando, a partir daí, vínculos negativos
com aquela pessoa, situação e etc.
Exemplificando, muitos utilizam o silêncio por
vingança, ou ainda para agredir, para atacar, para ferir, magoar,
ou, simplesmente, utilizam-no para alimentar seu orgulho, a sua
vaidade, medo e etc. Fernando Pessoa, certamente, não a disse ou a
empregou neste sentido. Ao menos, preferimos acreditar que não.
O silêncio possui o condão de nos conectarmos conosco mesmos e até com o Criador. Ele para se tornar sabedoria,
necessita muito mais do que postura, teremos de ter consciência e
uma razão fundamentada no Bem, para nós e para o nosso próximo.
Portanto, usá-lo para ferir, magoar ou atacar o próximo é dar demonstrações irrefutáveis de quão comezinho ainda aquele ser (pessoa) é. Nestes casos, realmente, o nosso silêncio é a melhor resposta, porém, por mais incrível possa parecer, este pensamento ou instrução não é de Fernando Pessoa: JESUS, há 2.000 anos atrás, já nos orientou que este pode ser o melhor caminho em algumas situações.
E tal instrução foi ratificada pelas vozes do
Consolador Prometido (vide instruções abaixo). E lembrando que
nada no Universo passa desapercebido das Leis Divinas (Deus) e
para tudo iremos responder no justo momento do tempo e do espaço,
estejamos atentos ao nosso silêncio e o que pretendemos com o
mesmo!
INSTRUÇÕES DO CONSOLADOR:
19. Não havendo quem seja perfeito, segue-se que ninguém tem o
direito de repreender o seu próximo?
R.: Certamente, pois cada um de vós deve trabalhar para o
progresso de todos e, principalmente, daqueles cuja tutela vos foi
confiada, mas é preciso fazê-lo com moderação, com um objetivo
útil e não como fazes a maior parte do tempo, pelo prazer de
denegrir. Neste último caso, a censura é uma maldade; no primeiro,
é um dever que a caridade manda cumprir com todas as cautelas
possíveis. A censura que se lança sobre os outros deve, ao mesmo
tempo, ser endereçada também a nós mesmos, para sabermos se não a
merecemos. (São Luís – Paris, 1860.)
20. É repreensível observar as imperfeições dos outros, quando
disso não resultar proveito algum para eles, e mesmo que não as
divulguemos?
R.: Tudo depende da intenção. Certamente que não é proibido ver o
mal, quando o mal existe. Seria mesmo inconveniente ver por toda a
parte o bem: essa ilusão prejudicaria o progresso. O erro está em
fazer essa observação em detrimento do próximo, desacreditando-o,
sem necessidade, diante da opinião pública. Seria também
repreensível fazê-lo para comprazer-se com sentimentos maldosos e
de satisfação por encontrar os defeitos alheios. É bem diferente
quando, lançando um véu sobre o mal, para ocultá-lo do público,
nos limitamos a observá-lo para dele obter proveito pessoal, ou
seja, para estudá-lo e evitar o que censuramos nos outros. Essa
observação, além disso, não é útil ao moralista? Como descreveria
ele as extravagâncias da Humanidade se não estudasse os seus
exemplos? (São Luís – Paris, 1860.)
21. Há casos nos quais seja útil mostrar o mal alheio?
R.: Essa questão é muito delicada, e é aqui que devemos apelar
para a caridade bem-compreendida. Se as imperfeições de uma pessoa
prejudicam apenas a ela mesma, não há jamais utilidade em
divulgá-las. Mas se elas podem prejudicar a outros, é preciso
preferir o interesse da maioria ao de uma só pessoa. Segundo as
circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a falsidade pode ser um
dever, pois é melhor que um só homem caia do que muitos serem
enganados e se tornarem suas vítimas. Em caso semelhante, é
preciso balancear as vantagens e os inconvenientes. (São Luís –
Paris, 1860)